Como podemos então ter tempo para nos relacionarmos
melhor uns com os outros?
Comece por reorganizar a sua semana, tenha como uma
das suas prioridades o estar com o outro. Sempre que possível evite marcar o
encontro com o amigo na internet e faça-o num local onde goste de estar, onde
possa conviver. Dê importância às suas relações, são preciosas. Tente
esclarecer dúvidas ou desentendimentos num curto espaço de tempo, não permita
que a não compreensão de uma posição pese mais do que a relação que tem com
aquela pessoa. Tenha algum tempo para si junto dos outros. Inscreva-se num
workshop, procure um hobby que possa partilhar com outras pessoas. Marque o tal
café ou o jantar que ficou suspenso por uma razão qualquer. Faça um pequeno
esforço para estar com os outros, os que têm significado para si ou os que já
não vê há muito tempo. Esquecemo-nos que uma boa conversa desanuvia o espírito
e proporciona prazer. Seja meigo consigo e procure ter tempo para se
relacionar.
Sugestão de Leitura:
O PODER DOS QUIETOS - COMO OS TÍMIDOS E
INTROVERTIDOS PODEM MUDAR UM MUNDO QUE NÃO PARA DE FALAR - Susan Cain
Fenômeno de vendas, livro de Susan Cain mostra que a
introversão, atualmente encarada como um traço de personalidade de segunda
classe, pode ser extremamente produtiva e foi essencial para ideias que
impulsionaram o desenvolvimento de nossa sociedade
Um dos livros mais vendidos do ano nos Estados
Unidos segundo o jornal The New York Times, O poder dos quietos, da americana
Susan Cain, lançado no Brasil pela Editora Agir, mostra que a introversão é
ingrediente fundamental para a criatividade e a inovação. Embasada por estudos
científicos, além de ter realizado um extenso trabalho de pesquisa, a autora
afirma que nossa sociedade vem transformando escolas e escritórios em
instituições dedicadas a extrovertidos — arquétipo que tem se revelado um
grande desperdício de talento, energia e felicidade.
O sistema de valores contemporâneo segue a crença de
que todos precisariam se sentir confortáveis sob a luz dos holofotes. A
introversão vem sendo encarada como um traço de personalidade de segunda
classe, praticamente como uma patologia. O que o leitor descobre em O poder dos
quietos é que está cometendo um erro grave ao abraçar esse ideal. Algumas das
maiores ideias humanas — da teoria da evolução aos girassóis de Van Gogh e os
computadores pessoais — vieram de pessoas quietas que sabiam como se comunicar
com seus universos interiores. Sem os introvertidos não haveria a teoria da
relatividade, os noturnos de Chopin, o Google.
O temperamento extrovertido é atraente, mas, segundo
Susan, foi transformado em um padrão opressivo que muitos, mesmo contra sua
própria essência, se acham obrigados a adotar. Tal ponto de vista surge
fundamentado pelas mais recentes pesquisas nas áreas da psicologia e da
neurociência, que têm apresentado ideias iluminadoras: os introvertidos, por
exemplo, sentem-se confortáveis com menos estímulo, como quando resolvem
palavras cruzadas ou leem um livro; já os extrovertidos gostam da vibração extra
de atividades como conhecer pessoas novas e esquiar em montanhas perigosas.
Especialistas afirmam também que os dois tipos
trabalham de maneiras diferentes. Os extrovertidos tendem a terminar tarefas em
pouco tempo, tomando decisões rápidas, enquanto os introvertidos costumam atuar
de forma mais lenta e ponderada, focando-se em uma tarefa de cada vez. “Pessoas
introvertidas são pensadores atentos e reflexivos, capazes de tolerar a solidão
que a produção de ideias requer. A implementação dessas boas ideias, por sua
vez, implica em cooperação, e introvertidos são mais propensos a preferir
ambientes cooperativos, enquanto os extrovertidos costumam favorecer a
competição”, afirma a autora.
Na primeira parte do livro, Susan trata justamente
do “Ideal da Extroversão”, abordando o poder do trabalho solitário e o mito da
liderança carismática. A questão do que chamamos de “temperamento” surge como
ponto central do módulo seguinte, que, mostrando que introvertidos e
extrovertidos pensam e processam dopamina de maneiras distintas, envolve
biologia e estudos de personalidade. Já na parte três o assunto recebe um olhar
cultural em um debate que envolve amor, trabalho e educação – sempre por meio
de uma acurada e delicada observação do dia a dia.
O livro esclarece ainda algumas dúvidas comuns,
mostrando que um introvertido não é necessariamente um eremita ou um
misantropo. Nem mesmo a palavra “timidez” pode ser tida como um sinônimo de
“introversão”: esta é o medo da desaprovação social e da humilhação, enquanto aquela
é a preferência por ambientes onde não predominam os estímulos externos. Ao
contrario da introversão, a timidez é inerentemente dolorosa.
Assim com acontece com outros opostos complementares
(masculinidade e feminilidade, Ocidente e Oriente, liberais e conservadores), a
humanidade seria irreconhecível sem a divisão entre introvertidos e
extrovertidos. Poetas e filósofos têm pensando sobre o assunto desde o início
dos tempos, sendo que os dois tipos aparecem na Bíblia e em escritos da
antiguidade clássica. O poder dos quietos, assim, leva o leitor a se aprofundar
no comportamento humano e mudar a maneira pela qual enxerga a si mesmo.